A VIDA É BELA - SOBRE O FILME
Italiano reflete sobre a vida
MARIANA VIVEIROS
Colaboração para a
Folha Online
Divulgação/Imagem Filmes |
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Roberto Benigni, Nicoletta Braschi e o garoto Giustino Durano |
"O riso nos salva. Ver o outro lado das coisas, o lado surrealista e divertido, ajuda quem não quer ser pisado e esmigalhado como um graveto, ajuda a resistir à noite, mesmo que longa, longuíssima." A frase resume o singelo propósito por trás da história que o cineasta Roberto Benigni, 52, co-autor, diretor e ator de "A Vida é Bela", quer contar.
A fantástica saga do livreiro Guido Orefice e de como ele conseguiu, por meio da imaginação e da fantasia, transformar os horrores da rotina de um campo de concentração nazista em regras de uma gincana, pelo menos aos olhos do filho de seis anos, conquistou crítica e público com seu espírito leve, porém crítico, e a coragem de fazer uma comédia para falar do que foi o maior drama do século 20: o Holocausto.
O filme traz o contraste entre a vontade de ser feliz e a monstruosidade dos acontecimentos que circundam os personagens, na Itália da Segunda Guerra Mundial.
Para fazer "A Vida é Bela", além de Charles Chaplin, uma influência confessa constante, Benigni se inspirou também no que escreveu Leon Trotsky, um dos artífices do socialismo russo, em seu exílio no México.
Foragido de seu país, recluso numa terra estranha e sob a ameaça de ser morto a qualquer momento, Trotsky, em dado momento, contempla a mulher no jardim e escreve que, apesar de tudo, a vida é bela e digna de ser vivida.
É esse otimismo incansável que impregna a história de Guido e de sua família do começo ao fim e a torna, como seu diretor disse, "um hino ao fato de sermos condenados a amar poeticamente a vida porque ela é bela".