CHOCOLATE - CRÍTICA
Filme concentra emoções límpidas e grandes mensagens
CHRISTIAN PETERMANN
crítico do Guia da Folha
"Chocolate", de Lasse Hallström, é o típico "feel-good movie", filme idealizado para azeitar o espírito dos espectadores e satisfazê-los com uma obra de emoções límpidas, grandes mensagens e um otimismo obrigatório em meio aos reveses.
Apesar de ser a adaptação de um best-seller um tanto obscuro, da autoria de Joanne Harris, escrita por Robert Nelson Jacobs (que também roteirizou "Chegadas e Partidas", outra parceria de Hallström com a produtora Miramax), o longa emplacou cinco indicações ao Oscar, inclusive para melhor filme, e tornou-se uma espécie de cult adulto e romântico mundo afora.
O cineasta sueco realizou, de fato, um confeito. Um doce de receita equilibrada, com sabor irresistível, mesmo que sem qualquer aspecto artesanal. Tudo é muito bem medido e pensado, do conteúdo à embalagem, sem qualquer espaço para um toque de casualidade criativa.
Mas Hallström não se fez de rogado, ao menos, em insinuar um clima quase lúdico e mágico envolvendo os chocolates vendidos por Vianne Rocher (Juliette Binoche) na pequena cidade francesa em que ela decidiu se instalar.
O sabor único dos doces, que cria imediata e fiel clientela, transforma Vianne aos poucos num apoio confessional e catártico dos habitantes locais. Não é uma idéia reconfortante imaginar que uma única pessoa pode mudar, e para melhor, a realidade de toda uma comunidade?
Binoche, aqui em uma de suas atuações mais suaves, tem companhia nobre, das veteranas Leslie Caron e dame Judy Dench a Johnny Depp e Alfred Molina, passando por nomes como a também sueca Lena Olin e os ingleses John Wood e Hugh O'Conor.
Este elenco dos sonhos amarra com elegância a trilha sonora de Rachel Portman, que abre espaço para composições de Erik Satie, Django Reinhardt, Duke Ellington, Stéphane Grappelli e George Gershwin, entre outros. É bom gosto à toda prova, presente em todos os momentos deste filme feito para agradar.
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