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POLLOCK - CRÍTICA

Diretor não idolatra o pintor e apresenta suas fraquezas

CHRISTIAN PETERMANN
crítico do Guia da Folha

Nota-se, da primeira à última cena de "Pollock", que este foi um projeto pessoal muito importante para o ator Ed Harris: a paixão com a qual ele estreou como diretor e produtor de cinema e personificou um dos maiores mestres da pintura moderna norte-americana, Jackson Pollock, denota entrega irrestrita.

Levar às telas a vida ou recortes de vida de figuras notórias é sempre um convite à saraivada de críticas quanto ao enfoque e às informações.

Ao ter se concentrado, a partir de um livro de Steven Naifeh e Gregory White Smith, em seus mergulhos artísticos e na relação com sua mulher, a artista e agente auto-ditada Lee Krasner (Marcia Gay Harden, em inspirada atuação), Harris deixa evidente que Pollock é um de seus ídolos.

E aí está a maior força do filme: o ator e diretor não idolatra o pintor. Este é apresentado em todas suas fraquezas. Harris mostra-se fascinado, isto sim, por sua arte, fazendo da câmera um observador do processo criativo inovador de Pollock e da amplitude espacial de suas telas abstrato-expressionistas.

A dinâmica das imagens é o complemento ideal para a própria interpretação de Harris, um revelando-se extensão do outro.

Em última análise, o filme funciona também como retrato da exuberância artística da vanguarda nova-iorquina dos anos 1940, representada, por exemplo, pela breve aparição do pintor Willem DeKooning (Val Kilmer) e da colecionadora de arte Peggy Guggenheim (Amy Madigan, esposa de Harris), assim como pela trilha sonora, que viaja, entre outros, por Duke Ellington, Billie Holliday e Benny Goodman.

O virtuosismo da obra relaciona-se intrinsecamente com Pollock. É ele que define o jogo físico do ator e a direção da câmera, seguindo jatos e pontilhados de tinta. A fúria criativa contrapõe-se ao alcoolismo do gênio, e o filme, em tons frios e pastéis, reveste-se de adequado realismo. Harris demonstra relaxada maturidade como artista e ilumina um pouco uma das figuras mais ricas do século 20.
A COLEÇÃO
 

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