AS HORAS - SOBRE O FILME
Adaptação eleva alma feminina
MARIANA VIVEIROS
Colaboração para a
Folha Online
Divulgação/Imagem Filmes |
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Nicole Kidman, caracterizada como a escritora Virginia Woolf |
Não usar o recurso do "off" (quando o espectador ouve o personagem dizer o que está pensando, como se escutasse a voz interior dele), tampouco o "flashback" --quando o tempo presente é interrompido por cenas que explicam acontecimento passados-- foram as decisões que o roteirista David Hare tomou para adaptar o premiado romance "As Horas", de Michael Cunningham, para as telas de cinema. A história era por natureza cinematográfica.
O filme, dirigido por Stephen Daldry ("Billy Elliot"), relata o que se passa num dia da vida de três mulheres, em épocas diferentes, que têm entre si uma única aparente conexão: o romance "Mrs. Dalloway". Nos anos 20, a própria Virginia --interpretada por Nicole Kidman, no papel que lhe valeu o Oscar-- se recupera da última crise de esquizofrenia quando tem a idéia para a frase de abertura do livro: "Mrs. Dalloway decidiu que iria ela mesma comprar as flores".
Na Los Angeles pós-Segunda Guerra, em 1952, Laura Brown (Julianne Moore), uma dona-de-casa infeliz com sua aparente vida perfeita, começa a ler "Mrs. Dalloway", história que vai afetar a sua vida para sempre.
Enquanto isso, na Nova York de 2001, Clarissa Vaughan (Meryl Streep) decide ela mesma comprar as flores para a festa que homenageará o amigo, ex-amante e poeta Richard Brown, que está morrendo com Aids. Ela reviverá, de certa maneira, a saga do romance de Virginia Woolf.
Para o diretor Stephen Daldry, a essência de "As Horas" é seu profundo respeito pelas mulheres e os desafios que enfrentaram ao longo dos turbulentos e imprevisíveis acontecimentos do século 20.