A VIDA É BELA - CONTEXTO HISTÓRICO
Judeus foram executados no fim da Segunda Guerra na Itália
MARIANA VIVEIROS
Colaboração para a Folha Online
O ano de 1938, em que começa "A Vida é Bela" --com a chegada do personagem Guido Orefice (Roberto Begnini) a Arezzo-- representa, de certa forma, uma virada para aos judeus italianos. Até então, o ditador Benito Mussolini, que governara a Itália como aliado da Alemanha de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, quase sempre se manifestara contra as teorias nazistas germânicas sobre a pretensa superioridade da raça ariana, chegando mesmo a ridicularizá-las em público.
Mussolini fez uma aliança militar com os alemães, mudando, portanto, o discurso, e adotando práticas anti-semitas em território italiano.
Práticas que, pelas mãos de Benigni, se transformaram em cenas cômicas e irônicas. Um dos exemplos baseados na vida real que aparecem no filme são as placas fixadas à frente das lojas dizendo ser proibida a entrada de judeus e cachorros --comuns em muitos estabelecimentos italianos depois de 1938.
Embora a perseguição tenha resultado na expulsão de muitos judeus italianos de empregos e escolas públicas e de uma série de profissões, eles só passaram a ser executados nos últimos momentos da Segunda Guerra.
Vendo a proximidade do fim do conflito, em 1943, os italianos tentaram, em separado, negociar a paz com os Aliados e, em represália, tropas alemãs ocuparam parte do país e começaram a mandar judeus ali recolhidos para os campos de concentração --exatamente o que ocorre com Guido e sua família na segunda parte de "A Vida é Bela".
Em decorrência dessa execução tardia, houve mais sobreviventes entre os judeus italianos que na maioria dos demais países europeus, mas muitos poucos deixaram os campos de extermínio com vida.
Durante toda a guerra, estima-se que cerca de 6 milhões de judeus tenham sido mortos pelos nazistas alemães e seus colaboradores, no que se chamou de Holocausto.
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