ENTRE QUATRO PAREDES - SOBRE O FILME

Tragédia produz filme intimista

MARIANA VIVEIROS
Colaboração para a Folha Online

Divulgação/Imagem Filmes

Marisa Tomei e Sissy Spacek em cena do filme

Pescador com uma certa experiência em pegar lagostas, o médico Matt Fowler (Tom Wilkinson) sabe que, se mais de um animal entrar no mesmo "quarto" --em inglês "bedroom", nome dado à armadilha de pesca--, é muito provável que um deles mutile o outro, tornando-o sem valor para a venda.

O diretor Todd Field, 41, usa essa situação como metáfora para contar, no drama intimista "Entre Quatro Paredes" ("In The Bedroom"), a história dos Fowler, uma típica família de classe média do Maine, na Nova Inglaterra (EUA), cujo único filho é vítima de uma tragédia que muda a vida de todos, repentinamente, e revela as muitas feridas e mutilações do casamento de Matt (Tom Wilkinson) e Ruth (Sissy Spacek).

Baseado no conto "Killings", do escritor norte-americano André Dubus (1936-1999), "Entre Quatro Paredes" foi a sensação do cinema independente em 2001 e, além de ter levado o Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance, rendeu a Sissy Spacek o Globo de Ouro de Melhor Atriz.

O roteiro levanta questões não tão incomuns, mas difíceis de serem respondidas. Num momento de crise, o que ocorre com a natureza de uma pessoa? Ela obedece à sua essência ou a uma violenta, afastando-se para sempre dela?

Ao retratar a crise do casal Fowler após a morte do filho, Frank (Nick Stahl), assassinado pelo ex-marido violento da mulher com quem o rapaz tinha um romance --interpretada por Marisa Tomei--, o filme faz uma análise das ações improváveis que o trinômio amor-perda-desejo de justiça pode tornar mais aceitáveis.