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O Talentoso Ripley

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O TALENTOSO RIPLEY - CRÍTICA

Amoral e assassino, Ripley de Minghella é o mais sincero

CHRISTIAN PETERMANN
crítico do Guia da Folha

Tom Ripley, o famoso personagem concebido pela escritora Patricia Highsmith, já foi encorpado pelo francês Alain Delon ("O Sol por Testemunha", de 60), o alemão Bruno Ganz ("O Amigo Americano", de 77) e o americano John Malkovich ("O Retorno do Talentoso Ripley", de 02).

Em "O Talentoso Ripley", versão dirigida e escrita por Anthony Minghella a partir do primeiro dos cinco livros de Highsmith com o anti-herói, que também serviu de base para o filme com Delon, vê-se um Ripley ainda mais jovem, interpretado por Matt Damon.

A quase total ausência de carisma do ator faz com que ele se encaixe bem no papel de um camaleão humano, que assume identidades e finge ser o que não é.

De todas as leituras já feitas em cinema da complexa figura de Ripley, personagem amoral e assassino, esta é a mais sincera em relação a sua ambigüidade sexual. Mostra-se a paixão de Freddie Miles (o excelente Philip Seymour Hoffman) por Ripley, e este tem um contato platônico com o playboy Dickie Greenleaf (Jude Law). O comportamento sexual de Ripley é apenas um dos muitos elementos que fazem dele um dos grandes tipos da ficção moderna.

E neste filme ambientado em 1959, com belas locações em Veneza, Roma, Nápoles, Palermo e Nova York, Ripley é pivô de uma busca pela elegância narrativa.

Minghella adora contar uma história de forma nítida e com grande intensidade. Seus filmes não têm meios-tons.

Aqui, há uma clara preocupação com a nobreza tanto da fonte literária quanto do cenário focado, o dos bem-nascidos. E é um destes pequenos prazeres proporcionados pelo cinema ver a aqui coadjuvante Cate Blanchett contracenando com Law, às vezes tocando um saxofone, ou Damon, por vezes ao piano.

O clima jazzy, com Miles Davis, Charlie Parker e Dizzy Gillespie, alia-se à tradição européia, com Bach, Vivaldi e Tchaikovsky, e soma ao espectador um espetáculo de entretenimento com intriga, sensualidade e cérebro. Não é de se rejeitar!
A COLEÇÃO
 

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